No primeiro painel do iBusiness 2018, da tarde desta quinta-feira, 15, foi debatido o tema “A importância dos PTTs no Brasil e a importância do provedor se tornar um AS”. Antonio Moreiras, gerente de Projetos e Desenvolvimento do NIC-BR fez a palestra.
O diretor de Treinamentos da Redetelesul, Gilmar dos Santos, foi o moderador do painel e Paulo Mucio, diretor de Produtos e Serviços, o debatedor. Antonio Moreiras é um dos responsáveis pela coordenação e operação do IX.br, que compreende dezenas de PTTs (Internet Exchanges) no Brasil e interconecta centenas de provedores de internet e outros sistemas autônomos. Moreiras também coordena oIPv6.
O palestrante explicou que a Anatel não regula a internet, mas as telecomunicações e tem poder fiscalizador. Por outro lado, o governo em conjunto com a sociedade civil, criou o Comitê Gestor da Internet (CGi) formado por 21 pessoas, sendo 9 representantes do governo e 12 representantes da sociedade civil. O CGI.br tem a função de dar diretrizes para o desenvolvimento e funcionamento da Internet no Brasil.
“O Comitê Gestor criou o NIC.BR, Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, entidade privada sem fins de lucro. Nossa fonte de rendimentos vem “principalmente do registro de domínios”, frisou Moreiras. O palestrante também enfatizou que o protocolo de endereçamento IPv6 está crescendo em participação e que isso acontece em função das grandes operadoras de Telecom, principalmente Vivo e Net.
“Quando chegarmos em 80% de IPv6, todos vão começar a falar sobre desligar o IPv4”, alertou. Ele disse que está havendo um esgotamento de IPv4 e que possivelmente em 2019 acabará o estoque. “Se o provedor de internet não é um AS, não pediu IPv4, ele correrá o risco de só conseguir o IPv6”.
Sistema autônomo
O sistema autônomo (Autonomous System) é uma rede com uma gerência centralizada, tendo seu próprio bloco de endereços IPs e uma política própria de roteamento. Entre as vantagens do sistema, Moreiras disse que é possível ter redundância sem “gambiarra”.
“Se você é um provedor, eu diria que é essencial ser um autônomo para ter mais controle e qualidade sobre o que acontece em sua rede. Os custos foram reduzidos e há menos burocracia”, enfatizou o palestrante.
Moreiras explicou que somente os provedores que são Sistemas Autônomos é que podem acessar os PTTs (Pontos de Troca de Tráfego). O PTT é uma infraestrutura física que permite o trânsito de informações de internet entre provedores de acessos, redes acadêmicas, do governo ou de grandes empresas e que beneficiam os usuários.
O PTT permite que um participante se interligue a vários outros, reduzindo custos e aumentando a eficiência na troca de tráfego entre redes. E não só redes de provedores de acesso podem ser Sistemas Autônomos, mas também redes de conteúdo, de bancos, grandes empresas, universidades, e governo, entre outros.
“A principal função dos PTTs é interligar as redes localmente, interligar o provedor com outro provedor. Não faz sentido pacotes de um usuário no Paraná, destinados a uma empresa também no Paraná, irem para São Paulo e voltar. Sai caro. As conexões locais são importantes para que a internet seja mais resiliente, mais rápida e barata”, ressaltou Moreiras.
O palestrante disse que o PTT de Foz do Iguaçu ainda é pequeno (o de Curitiba é médio e o de São Paulo é grande). Segundo ele, para que o PTT de Foz do Iguaçu cresça é necessária a participação dos provedores locais.
Para finalizar, Moreiras deu três caminhos para que os provedores resolvam problemas como DDOS, Spam, roubo de dados IPs “sem gastar praticamente nada”. Segundo ele, com a solução o provedor protegerá a própria rede e a rede dos outros.
“Com as ações propostas, o provedor vai garantir que está anunciando no BGP só os seus blocos; vai prevenir que o usuário não consiga falsificar o endereço de IP e enviá-lo para fora da sua rede com endereço falsificado; e garantir que se alguém ver algum problema em sua rede, essa pessoa conseguirá falar com você.”